iinspiradas

quinta-feira, 18 de maio de 2017

Reflexão pessoal de “Rosa de Hiroshima” de Vinicius de Morais

às 09:00



       Meu desafio foi transcrever a música para seu sentido denotativo, ou seja, para o sentido real da letra. Escolhi o lindíssimo poema de Vinicius de Morais, “Rosas de Hiroshima” que representa poeticamente o bombardeio americano sobre as cidades japonesas de Hiroshima e Nagasaki, durante a Segunda Guerra Mundial. Queria começar com o questionamento: qual o sentimento que desperta em você uando recebe uma rosa de seu amado?



Pensem nas crianças
Mudas telepáticas


1-      O sentido conotativo das crianças remete à pureza e a brandura que não existe mais.
2-      Ao se pensar em criança, associa-se a vitalidade/ energia/ agito, logo, há um paradoxo ao caracterizá-las como caladas.
3-      Telepatia é o ato de se comunicar por pensamentos. Única conexão possível, agora, dessas crianças.


Pensem nas meninas
Cegas inexatas

4-      Introduz-se novos personagens, agora um pouco mais velhos, as meninas.
5-      A adolescência é a fase de reconhecimento da sua existência e do mundo. O adjetivo “cegas” impossibilita essas meninas de ter a chance de explorar/ observar o mundo.
6-      Inexatas remete a ideia de não precisão, ou seja, o rompimento do poder de escolha das jovens.

Pensem nas mulheres
Rotas alteradas

  
7-      Atingindo todas as faixas etárias, agora, as mulheres adultas. “Mulher” é a representação da fertilidade e da gestação/ geração de novas vidas (antítese a bomba que representa a destruição de vidas).
8-      Nesta fase, adulta, as pessoas já possuem suas metas claras, mas suas “rotas” = caminhos escolhidos são “alterados” = destruídos/ invalidados.


Pensem nas feridas
Como rosas cálidas



9-       A rosa representa delicadeza e beleza. Há um impasse ao se usar “rosas” como adjetivo para as feridas (que remetem a machucado). Um sentimento de distorção da realidade.
10-  Cálida é um adjetivo para quentura, ou seja, as rosas cálidas representam as feridas de queimaduras.
Mas, oh, não se esqueçam
Da rosa da rosa
Da rosa de Hiroshima


11-  A “rosa” se refere metaforicamente a “bomba” explodida em Hiroshima, Japão. A forma da explosão se assemelha ao formato de uma rosa. A expressão "rosa da rosa" causa um efeito de perpetuação, assim como o da bomba.


A rosa hereditária

12-      A “rosa” se refere as consequências da bomba que se perpetuam, agora, por todas as gerações seguintes.

A rosa radioativa
Estúpida e inválida

13-      A “rosa” se refere a “bomba” ser radioativa, estúpida e causa de invalidez física dos homens. A bomba nuclear é cancerígena e causa a esterilidade feminina.

A rosa com cirrose

14-      A cirrose pode ser uma doença que não se cura, apenas se controla, logo, os danos da explosão são irrecuperáveis.

A anti-rosa atômica

15-      É terminologia militar “anti” remete ao ataque contra o poder inimigo, logo, “anti-rosa atômica” é a incapacidade de poder bélico japonês de contra-atacar a bomba atômica (Covardia?).

Sem cor sem perfume

16-      Todas as características da rosa são retiradas. Aonde está a beleza de Hiroshima agora?

Sem rosa sem nada

17-      Que no final, nem a própria bomba existe mais.



Afinal, porque escolhi esta música?


Apesar da particularidade de Vinícius de Morais ao abordar sobre o ataque sobre Hiroshima, as consequências de qualquer guerra podem ser idênticas ao descrito. A estratégia do autor é a tentativa de influenciar o leitor através da sensibilização e humanização aos efeitos de uma guerra.

Já pensou nas milhares de mortes, danos físicos e sonhos destruídos? Já pensou no desespero das pessoas que presenciaram o ocorrido? Já se colocou no lugar da vítima e dos familiares? O que faria se soubesse que sua vida seria interrompida? REVOLTA. ÓDIO. INCERTEZA. Estes sentimentos que vivi, em meu peito, quando fiz minha leitura pessoal, extraordinariamente representada pelo poeta.
  
Com a minha mente de hoje, não sou capaz de me colocar no lugar dos militares americanos, durante aquela situação, e aceitar as suas escolhas. A guerra pelo poder econômico que recai sobre as vidas das pessoas que já “guerrilham” diariamente para garantir o pão e o teto para sua família. Era, mesmo, necessário a demonstração da força bélica americana para o mundo em forma de destruição de vidas?

Sensibilizou-me demais fazer esta análise porque sou aspirante militar da Marinha brasileira. Muitas dúvidas surgiram a respeito da minha futura profissão. Como posso ser capaz de tirar uma vida estrangeira em nome de meu país? A que ponto estarei sujeita a aceitar este tipo de situação em nome do meu compromisso? O patriotismo mascarado de defesa do País, seria um verdadeiro egoísmo cruel? Pensei, pensei, pensei, por dias, o valor da atual vida militar.

Agora, finalmente, vejo, mais claro do que nunca: minha missão é garantir um mundo melhor através da vida militar. Este desejo está se tornando uma responsabilidade cujo poder e alcance estão cada vez mais fortes, em minhas mãos, porque, hoje, venho, por meio de palavras, transformar a visão do militar em compromisso com a paz mundial


Manter as guerras no passado. Transformações no presente. Paz no futuro.


Marinha do Brasil - Missão de Paz no Líbano, com operações no início de 2011.

Marinha do Brasil - Comando de força de paz no Haiti, com operações no início de 2004.


Apesar do objetivo central de uma força armada ser o ataque e defesa, em períodos de guerra, meu desejo é a amplificação da visão de força pacificadora que o militar tem. 

Por isso só tenho gratidão em referenciar a todos os colegas militares brasileiros que serviram e servem meu País em missões de paz pelo mundo - hoje se totalizam em 30 missões da Nação Unida (Missões de paz). Só tenho gratidão a Marinha do Brasil por estes financiamentos.

Espero que este desejo esteja, também, no coração de todos os militares. Fica a minha prece de esperança a eles e que seja dada serenidade durante situações em que suas escolhas influenciarão sobre as vidas de outras pessoas.



"Tradição em fazer bem feito. "

Créditos pela revisão e ao carinho, meus queridos: Daniel Constatinos e Ane Ossanes.



Nenhum comentário:

Postar um comentário