Há poucas semanas fui surpreendida com um
convite para conhecer a Loja Eco da C&A e o novo espaço de sustentabilidade
criado no local.
Jamais imaginei associar grandes redes da indústria da moda com responsabilidade social e ambiental e então, rapidamente li todas as informações disponibilizadas pela rede na página que criaram sobre sustentabilidade.
Jamais imaginei associar grandes redes da indústria da moda com responsabilidade social e ambiental e então, rapidamente li todas as informações disponibilizadas pela rede na página que criaram sobre sustentabilidade.
E neste momento começaram as surpresas, pois descobri que desde 2009 a C&A já produz um relatório de sustentabilidade com base nas diretrizes da Global
Reporting Initiative (GRI), com o propósito de apresentar uma prática de
transparência ao público e evidenciar o compromisso em fazer moda com impacto
positivo.
Também me surpreendi ao saber
que a C&A monitora seus fornecedores e subcontratados no Brasil, sendo possível a qualquer pessoa ter acesso a esta lista com mais de 700 nomes.
Além disso, a empresa tem atuado fortemente com o objetivo de coibir
qualquer tipo de mão de obra irregular e buscar a melhoria contínua das
condições de trabalho e das questões ambientais em toda a sua cadeia de
fornecimento.
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Imagem extraída do site |
A Loja Eco da C&A está localizada na
Rua dos Andradas nº 1620, no Centro Histórico de Porto Alegre/RS e é a primeira
loja ecologicamente sustentável no Brasil e a segunda unidade “verde” da
marca no mundo (a primeira foi inaugurada em 2008, em Mainz, na Alemanha).
Então, da surpresa passei à curiosidade e, ansiosa, aguardei a visita agendada para 14/03/2018.
Então, da surpresa passei à curiosidade e, ansiosa, aguardei a visita agendada para 14/03/2018.
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Imagem fornecida pela C&A |
Depois, conversamos com o Rafael e a Nádia (e aqui estou mega chateada que não consegui os sobrenomes para identificá-los corretamente) que nos apresentaram o projeto de engenharia do prédio.
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Imagem fornecida pela C&A |
Nem preciso dizer que a
iniciativa é incrível. Investir no crescimento dos produtores ao invés de
“descartar” aqueles que não estariam “adequados” às exigências e/ou normas da rede, é algo que não
costumamos ver em grandes empresas. A humanização deste processo quebrou
paradigmas que eu tinha em relação às grandes redes de moda.
E um ponto que me deixou muito feliz, foi ver como a empresa está concentrada em utilizar em suas roupas um algodão mais
sustentável, incluindo o algodão orgânico, que tem um impacto
significativamente menor, pois elimina a aplicação de pesticidas e
fertilizantes sintéticos, além de reduzir o consumo de água na produção.

Várias linhas de roupas já utilizam um
selo de identificação (cerca de 40% das peças), sendo que o objetivo é aumentar para dois terços as roupas produzidas com algodão mais sustentável até 2020,
mantendo os mesmos preços das roupas convencionais.
E, usando uma expressão daqui do Sul, "me caíram os butiás dos bolsos" quando fomos apresentados a linha de camisetas compostáveis. Exatamente isso que leram, compostáveis! Mas vale esclarecer, essa peça de roupa não vai se desintegrar com o uso, ok? Pode usar e lavar o quanto achar necessário e, somente quando ficarem bem desgastadas e se tornarem imprópria para uso, serão colocadas na composteira e irão se decompor em doze semanas. Não tem composteira? Tranquilo. Pode enterrar no jardim. Legal né? Como adepta do movimento Zero Waste, essa novidade me conquistou totalmente.
A C&A também está participando do Movimento Reciclo, onde 72 das mais de 270 lojas da rede já são participantes e clientes e não clientes podem participar, levando roupas, acessórios, calçados até os pontos de coleta destas lojas e que serão direcionados aos parceiros do Movimento que atuam em benefício de comunidades carentes e recicladoras têxteis para reaproveitamento na indústria.
Todas essas mudanças realizadas nos últimos anos pela empresa - e das quais só tomei conhecimento agora - me apresentaram uma "nova C&A", que ainda que esteja voltada ao ramo moda, também está "focada em propor experiências que vão além do vestir", como me relataram.
Mas vamos ao projeto de engenharia, que merece uma atenção especial.
O prédio onde hoje está localizada a Loja Eco, foi reformado de 2009 a 2013, adotando conceitos de sustentabilidade, sendo opção da empresa reformar o prédio histórico (e usado pela rede desde 1978), ao invés de demolir e reconstruir um novo, que, infelizmente, é a opção da maioria das grandes empresas.
E, usando uma expressão daqui do Sul, "me caíram os butiás dos bolsos" quando fomos apresentados a linha de camisetas compostáveis. Exatamente isso que leram, compostáveis! Mas vale esclarecer, essa peça de roupa não vai se desintegrar com o uso, ok? Pode usar e lavar o quanto achar necessário e, somente quando ficarem bem desgastadas e se tornarem imprópria para uso, serão colocadas na composteira e irão se decompor em doze semanas. Não tem composteira? Tranquilo. Pode enterrar no jardim. Legal né? Como adepta do movimento Zero Waste, essa novidade me conquistou totalmente.
A C&A também está participando do Movimento Reciclo, onde 72 das mais de 270 lojas da rede já são participantes e clientes e não clientes podem participar, levando roupas, acessórios, calçados até os pontos de coleta destas lojas e que serão direcionados aos parceiros do Movimento que atuam em benefício de comunidades carentes e recicladoras têxteis para reaproveitamento na indústria.
Todas essas mudanças realizadas nos últimos anos pela empresa - e das quais só tomei conhecimento agora - me apresentaram uma "nova C&A", que ainda que esteja voltada ao ramo moda, também está "focada em propor experiências que vão além do vestir", como me relataram.
Mas vamos ao projeto de engenharia, que merece uma atenção especial.
O prédio onde hoje está localizada a Loja Eco, foi reformado de 2009 a 2013, adotando conceitos de sustentabilidade, sendo opção da empresa reformar o prédio histórico (e usado pela rede desde 1978), ao invés de demolir e reconstruir um novo, que, infelizmente, é a opção da maioria das grandes empresas.

Com a reforma, houve a mudança
de lâmpadas mais eficientes na redução de consumo de energia, sistema de ar
condicionado mais eficiente, banheiros com mictório seco, arejadores nas
torneiras e válvula de descarga com duplo fluxo, mudanças que geraram redução no
consumo de água e luz.
Inclusive, é objetivo da empresa que todas as lojas que necessitem de reforma vão ter
seus projetos nestes mesmos parâmetros, sendo a loja de Porto Alegre a primeira
de muitas.
Mas a cereja do bolo é o
telhado verde.
Um espaço com cerca de 640m2,
com árvores, trepadeiras e um gramado, promovendo um isolamento térmico e, por conseqüência,
a diminuição do uso do ar-condicionado na loja. O local também possui sistemas
de armazenagem de água da chuva para a irrigação das plantas.
Além disso, o espaço é
utilizado como centro de convivência para os empregados da loja, mas clientes,
estudantes e todos os interessados podem conhecer a Loja Eco em uma das visitas
monitoradas que ocorrem durante o ano, preenchendo o formulário disponível na página.
Mas se você está curioso, para ver esse
espaço, acessando o Google Maps é possível ter uma visão deste “oásis verde” em
meio a “selva de concreto” que é o Centro da capital gaúcha.
O final da visita foi marcado por um workshop de customização, onde aprendemos com a criativa Mariana Petriche várias formas de customizar camisetas (descobri que tenho que treinar muito para fazer uma boa transformação de uma camiseta... eu errei feio na oficina e destruí a minha camiseta rosa. E até que comecei bem. O final é que foi trágico...)
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Imagem cedida pela C&A |
Neste evento, vi uma nova C&A, muito diferente daquela que conhecia desde criança, que saiu do foco do simplesmente vestir e que decidiu aderir a valores
e comportamentos mais sustentáveis, seja na estrutura física dos prédios de
suas lojas, como também, no envolvimento ativo em toda a cadeia de produção, na
valorização do trabalho e no impacto positivo de suas ações.
A primeira é em relação ao site, onde não
é possível encontrar uma seção para as roupas com algodão mais sustentável, que
nas lojas físicas são identificadas por uma etiqueta.
Considerando que o público que busca
roupas com matéria prima mais ecológica é crescente e exigente, o site deveria apresentar essas peças com maior facilidade, pois nem através do
sistema de busca é fácil localizá-las.
Além disso, a empresa ainda utiliza
sacolas plásticas que, mesmo sendo oxibiodegradável, continua sendo um material
plástico derivado do petróleo e assim, não combina muito com o projeto de
sustentabilidade apresentado pela empresa.
Embora a degradação desse material seja mais
rápida (em torno de 18 meses), não são compostáveis, não se degradam anaerobicamente (sem presença de oxigênio) e em
degradação profunda em aterros.
Eu espero que a rede
C&A, diante de sua atual postura de sustentabilidade, forneça sacolas de
papel ou inicie um projeto de fornecimento de sacolas retornáveis para clientes,
seja como um “brinde” após um determinado valor de compras, ou quem sabe
através de um sistema de pontuação para os clientes que possuem o cartão da
loja e que vão sendo somados para cada vez que o cliente decline o uso da
sacola e leve suas compras em sua própria sacola retornável.
O importante não é só
mostrar o que se está fazendo de diferente, mas ensinar para que todos possam
contribuir com essa mudança. A divulgação para a conscientização e participação
dos clientes neste processo é fundamental.
E aqui quero deixa uma
super dica: dê uma olhada na página do Instituto C&A e conheça o lindo
trabalho desenvolvido através de apoio
técnico e financeiro, promovendo o acesso de agricultores e outros fornecedores a uma rede de especialistas para fortalecer
organizações e outros agentes de mudança, transformando a indústria da moda e
permitindo que seus trabalhadores possam prosperar.

Então voltamos ao meu questionamento
inicial: é possível uma grande rede de moda se tornar sustentável e atuar com
consciência social?
Se tivesse me perguntado isso há um
tempo atrás, possivelmente eu diria que era difícil, mas depois dessa visita e
de tudo que foi mostrado e explicado, eu digo que mudei minha forma de ver essa
questão e afirmo que é possível sim, uma grande rede varejista se engajar em um
projeto de sustentabilidade, ter consciência social e preocupação ambiental.
A moda ética e sustentável é possível e
espero que outras redes desta indústria sigam esse belo exemplo que a C&A
está nos apresentando, focando na sustentabilidade
em sua estratégia de desenvolvimento e contribuindo para uma indústria com
impacto positivo.
Que iniciativa maravilhosa!
ResponderExcluirAcho ótimo que as fast fashion busquem esse cuidado, acredito que no futuro incentivará as menores também.
Linda sua visita e o workshop de customização deu um charme mais especial ainda, né?
Nossa que boa iniciativa hein.
ResponderExcluirAmei demais conhecer um pouco.
https://blogdajenny2014.blogspot.com.br/
Realmente lindo trabalho, tomara que esse post chegue a outras pessoas e empresas, a divulgação da sustentabilidade merece ser repassada atentando que se cada um fizer sua parte podemos ter uma geração no futuro melhor. Bj
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