Que o canudo de plástico virou o inimigo público nº 1 do meio ambiente nos últimos meses, todo mundo está sabendo.
São muitas as cidades no Brasil que proibiram o uso desses canudos em bares e restaurantes e que apresentaram projetos banindo totalmente seu uso em um prazo determinado.
Por outro lado, surgiu um movimento, em contraponto às proibições, declarando nas redes sociais que essa proibição foi um verdadeiro tiro no pé.
Será mesmo?
Já faz algumas semanas que tenho lido notícias e comentários nas redes sociais (principalmente no Facebook) dizendo que com a proibição dos canudos de plástico houve o aumento do consumo de copos plásticos descartáveis, o que acabou por gerar mais lixo, tornando a proibição dos canudos inócua.
Se pensarmos que a proibição do uso de canudos faz com que as pessoas busquem como alternativa o uso de copos plásticos, então realmente a medida não é eficaz.
O que faltou, na minha opinião, foi a criação de uma campanha de conscientização sobre os motivos da proibição dos canudos plásticos. Só proibir não basta, se as pessoas não sabem por que foi proibido.
O ideal seria a proibição de todo e qualquer descartável de uso único, como está sendo feito em vários países da Europa, com um prazo de adaptação das empresas que produzem esses produtos, para a troca por matéria prima biodegradável.
Mas no Brasil nada é fácil e nada é simples. Se alguma administração municipal ou estadual apresentar um projeto de lei com proibição total de descartáveis não biodegradáveis, sabemos que o barulho vai ser alto. O lobby vai ser enorme e os que se sentirem prejudicados farão de tudo para excluir qualquer projeto que cause prejuízo financeiro, mesmo que em detrimento do meio ambiente. Neste ponto, o umbigo empresarial é gigantesco.
Então, de certa forma, começar pelos canudos plásticos é uma boa opção. De um em um, vamos substituindo todos por produtos mais amigos do meio ambiente, certo?
O que ocorre é que a falta de conscientização dos consumidores e donos de bares e restaurantes, faz com que o famoso jeitinho brasileiro apareça e apresente como alternativa o uso de copos plásticos, é claro... Não copos reutilizáveis, mas outro descartável...
A ideia de proibir os canudos plásticos é boa? Sim, é! E também é o primeiro passo para a proibição de outros descartáveis plásticos. Temos que entender que por aqui tudo tem que ser aos poucos.
Mas então voltamos ao problema inicial. Só proibir não basta. Além da necessária conscientização da população de que o uso de descartáveis plásticos causa um enorme impacto ambiental, poluindo o meio ambiente e causando a morte de muitos animais, também se faz necessária uma atuação do governo no combate ao uso dos descartáveis plásticos de uso único.
Falta uma campanha de impacto esclarecendo a população que todo o plástico produzido até hoje ainda está rolando por aí, porque levam centenas de anos para se degradarem e que matam muitos seres. Esse tipo de campanha, mostrando tartarugas asfixiadas com sacolas plásticas, cachalotes mortas com uma quantidade absurda de descartáveis no estômago e imagens de praias tomadas por lixo plástico já estão circulando em muitos lugares e levam a reflexão sobre o problema que temos que enfrentar.
Falta uma participação mais efetiva dos administradores das cidades fornecendo opções para a substituição dos descartáveis, como ocorre, por exemplo, em Londres, onde está prevista para ser lançada uma nova rede de bebedouros e fontes para abastecimento de garrafas, para reduzir a quantidade de resíduos gerados pelo plástico de uso único (informação do The Guardian).
Que tal um subsídio financeiro para empresas que reciclam plásticos e que produzem produtos descartáveis biodegradáveis, os famosos incentivos fiscais, e taxação de produtos embalados com plástico e com a utilização de embalagens de isopor.
A verdade é que existem muitas formas de vencer a guerra contra o plástico descartável de uso único – sejam canudos, sacolas, embalagens - e não seria possível citar todas elas. Mas sem dúvidas, a ação mais importante e mais relevante é trazer o consumidor para o lado verde da força. Fazê-lo compreender que ele tem o poder de mudar essa realidade e que quanto mais consumidores optarem por alternativas mais sustentáveis e preferirem produtos sem embalagens ou com embalagens retornáveis ou recicláveis, mais a indústria e o comércio vão atender esses consumidores e a proibição vai acabar sendo desnecessária.
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