Fico impressionada quando olho para trás
e vejo quantas mudanças em minha vida desde que resolvi ter uma vida mais
saudável e sem química.
Comecei pelos cuidados com o cabelo após
uma descoloração trágica, passando a praticar low poo (técnica de limpeza dos
cabelos sem sulfatos e sem derivados de petróleo), depois abandonei a química
para tingir os cabelos (agora só uso Henna e às vezes Red Kamala) e daí foi um
pulo para conhecer os cosméticos naturais e orgânicos, pelos quais desenvolvi
uma grande paixão.
Pesquisando e conhecendo mais os produtos
orgânicos e naturais, tomei consciência de toda uma cadeia de produção que eu
sequer sabia que existia. Uma produção consciente e preocupada não apenas com a
saúde, mas com o meio ambiente.
Passar a ter preocupação em relação à sustentabilidade
era pura conseqüência e, com isso, começar uma busca pela substituição de
produtos químicos tão corriqueiros no nosso dia a dia, seja comida, sejam
produtos de limpeza se tornou minha nova Cruzada.
E como uma descoberta leva a outra nova
descoberta, pensar em sustentabilidade, redução da produção de lixo, produtos
multifuncionais e naturais, me deparei com algo que eu nunca imaginei que iria
enfrentar: definir minhas necessidades materiais.
Um dia eu simplesmente me dei conta da
quantidade absurda de roupas que eu tinha no meu armário e comecei a pensar nos
meus excessos de consumo, coisa totalmente contrária a todas essas mudanças que eu estava vivendo.
O primeiro passo foi separar tudo o que
não me servia mais. E como tinha coisa... Depois de enfrentar uma depressão
decorrente de um aborto espontâneo e várias crises de ansiedade, eu tinha engordado 15
quilos e óbvio, muitas roupas não cabiam mais. Mas tinha aquele apelo
emocional. Vou emagrecer, vou voltar a usar, foi presente... Tantas desculpas
para justificar um apego sem sentido.
Coragem e mãos a obra e METADE do
roupeiro foi parar sobre a cama. Ali despejei tudo o que não me servia e o que
me servia e eu não tinha usado há mais de um ano.
Não sei dizer quantas peças de roupas
haviam ali, só sei dizer que encheu o porta malas de um carro. Os sapatos eu
contei: 20 pares. E ainda sobraram muitos.
Tudo foi doado. E quanto vi aquela
quantidade de coisas saindo da minha casa, eu chorei. Me senti uma fracassada
por ter engordado e não ter conseguido emagrecer para voltar a usar as roupas
que tinha guardado no armário. Fiquei zangada por ter caído e machucado o
tornozelo a tal ponto de não poder usar mais sapatos de salto e ter que dar
todos os pares que os saltos fossem acima de cinco centímetros. Me senti
frustrada por me desfazer dessas coisas.
Então, alguns dias depois a minha querida
amiga Sandra que levou minhas coisas para doação veio com uma notícia incrível.
Ela me relatou a alegria das pessoas que receberam as doações. Como tudo
foi dividido para que todos recebessem algo e como todos estavam felizes por
ganharem roupas e calçados.
Chorei de novo. Agora um sincero
arrependimento de quem se deu conta do egoísmo que é possuir mais do que se precisa.
Então ouvi falar sobre o Minimalismo.
Mas afinal, o que é isso?
Bem, é fato que vivemos em uma época de
consumo desenfreado em que somos bombardeados com campanhas publicitárias nos
incitando a comprar e comprar e a ter cada vez mais coisas, nos convencendo que
precisamos dessa quantidade absurda de objetos, produtos, espaço, etc o que
gera, além de um grande desperdício, uma falsa ideia de que “possuir" nos fará feliz.
E aqui entra o Minimalismo.
Não é um modismo, embora muita gente esteja falando sobre isso e criando regras, induzindo a
criação de armários-cápsulas (criar um armário com poucas peças que combinem
entre si) e até estabelecendo número de coisas que se pode possuir.
Só que minimalismo é, de fato,
compreender que não é necessário possuir para ser feliz. É eliminar todo
o excesso e manter aquilo que é suficiente.
Não se trata de abnegação, mas de se
concentrar naquilo que efetivamente tem valor, que é importante e se desprender
do resto.
Com isso, conseguimos nos libertar dessa
armadilha que é a sociedade de consumo e ver as coisas como elas realmente são:
COISAS!
Quando compreendi que devo possuir as
coisas e não ser dominada pelo desejo de ter coisas, consegui devolver valor por situações e momentos.
Depois das roupas, foi fácil “atacar”
outros itens, como produtos para cabelo e fiquei chocada com a quantidade de
produtos que eu tinha. VÁRIOS shampoos e condicionadores, CINCO máscaras para
cabelo, óleos vegetais, manteigas capilares, argilas, tudo no plural, tudo
coisas que eu levaria, com certeza, mais de um ano para consumir.
Para que isso? Porque comprar tanto se um
produto de cada leva ao mesmo resultado?
Faxina nos produtos para cabelo (mais
doações) e me “atraquei” nas maquiagens e esmaltes. Me deparei com vários
batons da mesma cor (ahhh mas tem tons diferentes... olha a desculpa), sombras,
bases, pós, etc, e depois de checar e descartar o que estava vencido (claro que
tinham que vencer, não tinha como usar tudo aquilo em tempo hábil), nova
doação.
Mas essas doações, ao contrário da
primeira, foi sem dor. Ao contrário, foi com um sentimento de paz de quem faz
algo com convicção de que está agindo certo e se desprendendo daquilo que me
consumia.
É importante entender que ser minimalista
não é ter um número X de peças de roupas, um número Y de pares de sapatos, uma
casa praticamente sem móveis e paredes vazias.
É apenas reduzir ao necessário, sem
faltar e sobrar, mas ficar “na medida”. É entender a diferença entre o “eu
quero” para o “eu preciso?”, porque possuir por possuir, se pensarmos bem, não
faz sentido algum.
Confesso que ainda estou em processo e
tenho um grande caminho a percorrer, mas estou feliz com a decisão tomada e me
sentindo realizada em cada etapa dessa jornada.
Nunca o “menos é mais” fez tanto sentido.
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Quando morava no Brasil eu era assim, tinha muito de tudo e no fim só usava as mesmas coisas, quando mudei não pude trazer tudo foi aí que escolhi o que realmente me faria falta, o que eu gostava de verdade, tudo que ficou em São Paulo, nunca senti falta então vendi peças novas - com etiqueta e as que foram usadas 1 ou 2x e o resto doei tudo. Foi a partir daí que eu parei de consumir sem freio. Hoje eu compro o que uso, o que gosto e que sei que vou usar de verdade. Primeiro pq não tem sentido eu sair comprando tudo o que vejo pela frente para deixar parado ou não utilizar como deveria e segundo que depois vence, sai de moda e o resultado é praticamente o mesmo rasgar dinheiro, é isso eu não tô podendo é mesmo que pudesse usaria esse dinheiro para outra coisa!
ResponderExcluirBeijos
Obrigada por dividir tua experiência! É libertador se desprender das coisas e dar valor ao que realmente tem valor. Beijos
ExcluirMenos é mais hoje faz super parte da minha vida. Preciso melhorar em muitos aspectos, mas acredito que o modo de vida do minimalismo é o que precisamos hoje sabe... ♥ Adorei esse texto, super bem escrito.
ResponderExcluirÉ impressionante como nos sentimos bem quando compreendemos o sentido do menos é mais. Que bom que gostou do post. Obrigada pelo comentário.
ExcluirCaramba, que libertador! Não tenho pratica de fazer todas essas coisas, mas sempre que tenho um tempo eu separo coisas que não uso e levo para uma bazar beneficente aqui perto.
ResponderExcluirQue texto incrível, tenho muito a aprender ainda sobre viu? Amei ter lido isso hoje
Obrigada pelo lindo comentário e fico muito feliz que tenha gostado.
ExcluirFora a maquiagem, que além de gostar eu uso muito para o trabalho, qualquer outra coisa que faz parte da minha vida eu tenho em bem pouca quantidade. Já fui assim também de comprar coisas e acabar dando para alguém sem nunca ter usado, comprar pelo simples prazer de estar comprando. Adorei sua história...bju
ResponderExcluirEu entendo que quando é para o trabalho - ainda mais quando envolve maquiagem - não há como se restringir ou diminuir. Fico feliz que tenha gostado da história. Um beijo.
ExcluirAchei teu post forte, me tocou de verdade, há um tempo que venha pensando sobre comprar mais do que o necessário, sobre ter só pela sensação gratificante de posse. Seu relato foi lindo, força pra ti♡
ResponderExcluirMuito obrigada Manu. Teu comentário me motiva a seguir escrevendo mais e mais.
ExcluirDesde que me encontrei, passei a pensar no consumo consciente, no que eu realmente precisava e no que era só querer pelo desejo de consumir. MINHA VIDA MUDOU. Hoje sou adpeta ao minimalismo, muito mesmo. Não tenho nada além do que necessito, é um exercício, me sinto mais liberta de tanta besteira e dei tudo que era extra do meu armário, comecei pelas roupas, foi para o cosmetico, sapatos e agora estou no cabelo. Aos pouquinhos vou chegando lá!
ResponderExcluirÉ impressionante quando começamos a tratar as "coisas" como "coisas" e não aquele objeto de desejo. Sem dúvida é libertador.
ExcluirQuando começamos a ter mais um pouquinho de consciência percebemos o que realmente precisamos e o que temos e chegamos a da um fim no que não nós acrescenta em nada
ResponderExcluirExatamente. É um exercício e deve ser algo constante, até que se torne automático. ^_^
ExcluirAinda bem que você trouxe este tema, pois estamos vivendo em uma época de consumo em absurdo. Como você relatou, hoje existem sim, projetos de reduzir armário, exercício da convivência coletiva seja numa carona, etc...mas realmente não é isto. Temos que de fato, entender e reconhecer que a felicidade está nas pequenas coisas, nos pequenos detalhes e claro na diminuição de tantos itens de sobrevivência.
ResponderExcluirLindo seu comentário. Sem dúvida quando nosso foco está no lugar certo, podemos dar valor ao que realmente tem valor.
ExcluirMuito verdade,as vezes é preciso que tenhamos conciência ,pois já temos tantas coisas e muita da vezes não precisamos de MT pra ser feliz
ResponderExcluirPossuir coisas não é errado, mas colocar nossa felicidade em possuir, nos transforma em escravos do consumo.
ExcluirOi anne!! Que bela conquista. Essa cultura para o consumo sao meio que implantadas na nossa cabeça por mídia, cultura e muitas outras coisas neh. E realmente.. chega uma hora que tomamos aquele susto com a quantidade de coisas desnecessárias. a vida com o necessário é bem mais leve e sobra mais dinheiro pra investir num negocio e na sua felicidade. Que linda conquista! Parabéns!! Bjo! Thata
ResponderExcluirThata, a indústria de consumo é implacável e sempre vai tentar nos convencer que não temos o bastante, quando na realidade temos o suficiente. Bjs
ExcluirAprender a desapegar é buscar levar uma vida cada vez mais simples. Tal guinada requer ainda um alto nível de consciência, que pode ser atingida pela constante busca de equilíbrio entre o que se quer e o que se precisa. Ah, essa caminhada costuma ser solitária. Boa refelexao. bj
ResponderExcluirFico feliz que tenha apreciado o post Yvone e sim, é uma caminhada solitária, pois a conscientização é individual. O bom é que podemos, com o nosso exemplo, fazer com que mais pessoas reflitam sobre isso. Bjs
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