Não que eu não vestisse roupas
usadas, muito pelo contrário, passei a infância e adolescência todinha usando
as roupas das minhas primas mais velhas. Algumas das roupas que mais amo hoje, já
foram de amigas minhas também. Eu sempre carreguei comigo esse sentimento de
que quando se usa uma roupa de alguém que a gente admira ou ama muito, nós
incorporamos um pedacinho dessa pessoa na gente, absorvemos um pouquinho da sua
coragem, da sua beleza, da sua personalidade. Usar uma roupa de alguém que a
gente gosta muito, é como ter essa pessoa sempre junto, sentir o abraço dela
através do toque do tecido.
Mas então, por que essa aversão
tão grande a brechós? Bem, as roupas usadas das minhas primas e amigas sempre
foram presentes. Já em brechós, além de não conhecer a antiga dona e suas
histórias, eu iria precisar pagar pela peça, PA-GAR por uma peça “VE-LHA”! Sim,
eu achava um absurdo gastar meu dinheiro com coisa usada.
Obvio que o conceito de brechó
que eu tinha em mente era algo totalmente medonho, velho e cafona desgastado
e démodé, tudo isso regado a muita
renite alérgica. Esse conceito eu construí com base em algumas lojinhas de rua que
já vi por aí. Uma delas aterroriza meus pensamentos até hoje, a loja ficava no
segundo andar de um prédio com entrada pela calçada em uma rua movimentada da
cidade, era apenas uma porta que dava acesso a uma escadaria, no descanso dessa
escada havia um manequim daqueles antigos e meio macabros sabe? Detalhe, o
maldito manequim usava um vestido de festa!!!! Não tinha como defender.
Minha mente começou a se abrir
meio que por necessidade (e intere$$e). Na época não se falava muito sobre o
impacto da cadeia produtiva têxtil, nem sobre produção e consumo desacerbados
de moda, então obviamente eu não me
preocupava muito com isso... meu real motivador foi financeiro! Eu tinha muita
dificuldade em desapegar das minhas coisas, então meu armário estava abarrotado
de itens sem serventia e sem lugar para mais nada! Uma limpa geral seria
necessária, mas o que fazer com todas aquelas roupas lindas, algumas praticamente
sem uso? Peças que eu havia comprado de forma equivocada, que deixaram de me
servir, ou não combinavam mais comigo?
VENDER!
Ahhh bonito!! Agora tu quer vender né?
Sim, eu iria me beneficiar daquilo que eu sempre
desprezei, shame on me! Pois é, a gente não nasce desconstruidona né?! Mas o
melhor da vida é que a gente pode mudar nossos pré-conceitos e aprender com
nossos erros.
Bem, fiz a limpa no armário,
ensacolei as coisas vendíveis e guardei na despensa (por um bom tempo, para a
infelicidade da minha mãezinha), até descobrir como lucrar com o desencalhe
daquilo tudo. E a solução que encontrei foi organizar um brechó itinerante!
A lição que tirei disso tudo, foi
que aprendi mais sobre sustentabilidade. Para organizar o evento eu precisei
pesquisar, além é claro, de frequentar eventos desse tipo, e assim meu
preconceito com roupas seminovas foi caindo por terra, descobri um mundo todo
novo na minha frente. Vi o quanto minha ideia de brechó estava equivocada e o
quanto minha mente era quadrada.
Descobri que no fundo não era só
por dinheiro, vender minhas roupas seminovas, era dar uma segunda chance a
elas, uma nova oportunidade de fazerem outras pessoas felizes, era sentir gratidão
pelo tempo que elas me fizeram feliz, mesmo que eu não as tenha usado tanto
quanto deveria. E dessa forma, dar também uma segunda chance para as peças de
outras pessoas, peças que agora poderiam ajudar escrever a minha história, era
dar um novo significado a elas! Era dar também um folego para o planeta, aumentando
sua vida útil e aproveitando melhor todos os recursos (naturais, humanos e
financeiros) investidos em sua confecção.
Digo mais, se você é daquelas
que curte uma promoção, meu bem, comprar em brechó é viver em eterna promoção
hehe! Tem muita roupa seminova linda, com precinho bem camarada só esperando
uma chance de te conhecer! Mas óh, eu não estou dizendo para você torrar toda
sua grana em brechós não, estou apenas te pedindo para dar uma chance (e quem
sabe uma preferência) para as roupas seminovas, quando tiver que comprar alguma
coisa! Gostaria muito que você lesse este texto aqui, para entender o porquê eu
digo isso! ;)
E você, o que acha de brechós?
Usa roupas seminovas? Conta, que nós aqui do (Ins)piradas estamos loucas pra
saber sua opinião!
E se liga que logo logo vai rolar
post com meus achadões de brechós!
Nenhum comentário:
Postar um comentário