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terça-feira, 22 de agosto de 2017

Não somos números

às 17:57

Eu me impressiono de ver como as mulheres foram, literalmente, padronizadas de acordo com “números”. Devem almejar e buscar freneticamente ter um corpo com “x” centímetros de busto, “y” centímetros de cintura e “z” centímetros de quadril, de acordo com o perfil instituído pela indústria de entretenimento (cinema em especial) e da moda. Além disso, temos a questão da altura. As mulheres devem ser altas, ter em torno de 1,70m e as que não são, que busquem sapatos altos em busca daquele número mínimo para estar dentro do valor institucionalizado como “padrão”.


Por anos e anos, tudo o que vemos é uma “padronização” de como o corpo feminino deve estar para ser considerado como “bonito” e “ideal” e em cada década vemos como esses números mudam, ora exigindo uma cintura finíssima (com uso de espartilhos), para depois um corpo sem marcar as formas (década de 20), para posteriormente retornar a cintura marcada, depois com as curvas em abundância, para poucos anos depois determinarem que os quadris devem ser estreitos e em alguns anos  após, corpos magros, tudo sempre classificados em medidas corporais.
Atualmente o que se também tem se observado é uma chamada apelativa de beleza relacionando peso com saúde. Tabelas de peso de acordo com a altura aparecem as dezenas toda hora nas páginas, blogs, revistas e em tudo que é direcionado ao público feminino. Se você tem “x” de altura, tem que pesar “y” para ser saudável e bonita. Eu, por exemplo, que tenho 1,54cm, tenho que pesar 55 quilos para estar dentro do chamado “peso ideal”, sem qualquer observação quanto a minha idade, constituição/densidade óssea e se pratico exercícios (ou seja, sem verificação da massa magra e massa gorda), dentre outros fatores.
E tem ainda, a questão de um número que deveria ser poderoso, mas se tornou algo a se temer: a idade.
As mulheres são condicionadas a evitar demonstrar a idade que tem. Esconder suas marcas de expressão, rugas, esconder o número de anos que já viveu. Procedimentos cirúrgicos, produtos e mais produtos para “esticar” a pele, “disfarçar” os “sinais da idade”, como se o tempo fosse um inimigo e você sairá dos “padrões” depois de certa idade.
Mas eu me recuso a ser reduzida a números.
Minha saúde não está restrita a minha altura versus meu peso. Minhas medidas levam em consideração as duas gestações que tive, meus bem vividos 47 anos, minha alimentação e minha rotina diária de exercícios.
Ridícula a tentativa da indústria da moda e agora de forma intensa, da indústria de suplementos alimentares e de remédios para emagrecer de tentar me convencer que tenho que ser magérrima para ser saudável e que, infelizmente, tem levado tantas mulheres aos distúrbios alimentares.
Da mesma forma, me recuso a aceitar essa padronização inconseqüente que tem sido imposta e tem levado mulheres a realizarem procedimentos estéticos e cirúrgicos desnecessários, para atingir aquele padrão de beleza inalcançável, destruindo a auto estima de milhares e milhares e levando ao consumo de antidepressivos.
Por isso, quando me deparo com uma capa de revista como a da Allure e vejo o quanto ela é, não apenas espetacular, como também um marco para uma visão mais sólida e realista sobre lutar contra a determinação de um padrão, eu tenho que aplaudir e divulgar.
A revista norte americana Allure, em sua edição de setembro, colocou como capa a fabulosa Helen Mirren, no auge de sua beleza e talento, com seus maravilhosos 72 anos.
E esta revista decidiu que não utilizará mais em suas reportagens o termo “antiidade”, seja para se referir a produtos, procedimentos ou qualquer outro tema abordado em suas publicações.

A editora da revista, Michelle Lee, esclarece que não se está sugerindo o abandono do retinol, mas que o abandono da expressão antiidade traga em si que o envelhecimento não é uma doença a ser combatida. Ou seja, devemos mudar a forma como pensamos e falamos sobre o envelhecimento.
Inspirador?
Sem dúvida.
Óbvio que isso é apenas o início de uma caminhada e muita coisa ainda tem que ser mudada nos meios de comunicação direcionados às mulheres, para que todas possam entender que podem e devem celebrar a beleza que já possuem em quaisquer medidas e pesos.
Nenhuma mulher é um número ou conjunto de números.

Toda mulher é um conjunto de experiências, de vivências, de conflitos, de resoluções, de amores e de muito mais e nenhuma indústria, seja de moda, cosméticos, alimentos e do raio que o parta deve dizer como uma mulher deve ser.
imagem retirada do Google

12 comentários:

  1. Oi, Ane!
    Ser mulher é, sem dúvida, se equilibrar diariamente em uma corda bamba.
    São muitos comportamentos e pensamentos que nos amarram dentro do que é considerável "aceitável" pela sociedade... Mas, e a felicidade, onde fica?
    Fica na aceitação, no olhar que reconhece beleza onde ela é devida: Em cada memória gravada na mente e ao redor dos olhos!
    Texto ótimo que coloca o foco da beleza onde deve estar! ;)

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  2. Gostei muito do texto... Somos sim muitas vivências e temos que ter orgulho disso. Assim como sou livre pra escolher quais tratamentos estéticos eu quiser sem ser uma pressão externa...

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  3. Oi, tudo bem? Infelizmente isso é um problema. Muitas pessoas sofrem com isso, mas temos que aprender a nos amar e aceitar o nosso corpo. Afinal, todas somos lindas do jeito que somos!
    Se temos saúde e felicidade, isso já é tudo.

    Beijos.

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  4. Olá, Ane! Tudo bem?

    Achei o texto muito legal, acho ridículo a sociedade impor padrões, sou contrário a isso, pois cada um tem que ser feliz sem ter a necessidade de agradar terceiros. Temos que aprender a viver com o nosso corpo!
    Abraços

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  5. De importância extrema que entendamos: peso não significa doença! Ser gordo não faz doente e ser magro não faz saudável. Nossa sociedade tem essa imagem deturpada e precisamos mudar! Vou compartilhar

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  6. Tem toda a razão. Concordo completamente com cada linha que aqui escreveu!Nós somos a soma de muitos factores e vivências e não apenas um nº na balança ou na fita métrica. Vejo tantas jovens obcecadas com as medidas que até dói!
    Vivamos mais, mesmo com todas as nossas (im)perfeições isso sim!
    Parabéns pelo artigo!

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  7. Oi Ane, tudo bem?

    Começo meu comentário te aplaudindo por tudo que você falou! Você foi precisa em cada linha e passou o recado de forma simples, rápida e certeira. A questão é exatamente esta, querem nos redimir a apenas números, sendo que somos muito mais que isso. Temos sentimentos, temos pensamentos, temos ideias, e não vai fazer o meu peso que irá definir a minha capacidade em cada um desses pontos. Ninguém é perfeito no todo, mas somos perfeitos com nossas imperfeições! Parabéns pelo post!

    Beijos!

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  8. Essa verdade irreal é a realidade dos nossos dias.
    É muito bom saber que tem alguém que enxerga as coisas como você.
    Parabéns pelo seu post tão bem escrito, você expressou exatamente meus pensamentos.
    Se formos seguir essas regras ditadas pela padronização de beleza, seremos somente números.
    Estou contente com minhas marcas de expressão e meu peso acima dessa tabela, sou feliz com a minha realidade.

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  9. Olá!

    Seu texto está maravilhoso! E isso que você falou é bem real, temos que deixar de nos preocupar com essa besteira de medidas, se for algo relacionado a saúde, devemos sim. Mas se nao for, a vida é linda e muito mais que números.

    Beijos!

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  10. Gostei muito do texto... tudo que você falou eu concordo ! Ultimante o que mais vemos nessa vida são pessoas que elegeram a si mesmos juízes da vida.
    Vejo tantas jovens obcecadas com a medidas. temos que deixar de nos preocupar com essa medidas e com a opinião das pessoas !
    Se você estiver se sentindo bem, não tem problema, se quiser mudar, mude por você, nao pelo os outros !

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  11. Oi, tudo bem? Sua reflexão é muito válida porém acredito que cada pessoa deve valorizar seu próprio jeito, sua própria personalidade. Eu por exemplo já fui muito gordinha porém não me sentia bem, então comecei fazer dieta e emagreci 30kg. Isso foi uma vitória pra mim, não pela sociedade mas por mim mesma. Em primeiro lugar amor próprio. Beijos, Érika =^.^=

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  12. Concordo contigo!De uns tempos para ca isso voltou com tudo: a tal "ditadura da beleza" que tem sido promovida inclusive por nós, blogueiras. Primeiro de tudo é preciso aceitar suas características e personalidade. Cada um tem o seu jeito, biotipo e tal...e a partir daí iniciar uma descoberta total: seus gostos, o que te faz bem..enfim. Adorei!

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