Como você descreveria a cor nude?
Se o que te veio em mente foi uma
cor próxima ao bege, vamos precisar repensar essa definição. Não, pensar dessa
forma não foi um erro seu, a mídia e a indústria nos condicionaram assim, nos
ensinaram a relacionar o nude ao bege, transformando esse termo em um vício de
linguagem que nada tem a ver com representatividade.
Vamos entender por quê: O termo em inglês “nude”, significa nú, nudez, despido, em vocabulário de moda a
tradução seria “cor da pele”. Ora, se o nude está associado ao tom de pele, não
faz sentido ele ser só bege, né não? Afinal, no mundo temos milhares de
tonalidades diferentes de pele! Logo, nude não pode ser considerado uma cor,
mas sim, um conceito para descrever nuances associadas aos tons de pele.
E parece brincadeira, mas só recentemente
é que essa questão veio à tona!
Um caso emblemático que colaborou
com essa quebra de conceitos aconteceu em 2010, com a então primeira dama norte-americana,
Michelle Obama. Para um encontro com o primeiro-ministro da Índia, Michelle
usou um lindo traje longo descrito por seu criador, Naeem Khan, como um “vestido
tomara-que-caia nude, com florais abstratos e lantejoulas em prata-esterlina”. Então
surgiu a polêmica, se o nude refere-se ao tom de pele clara, quando pessoas de
pele escura o usam, na verdade estão usando que cor? Não entenda mal, Michelle estava
linda naquele vestido e também não há nada de errado com a cor em si, errado foi usar o termo
“nude” naquela situação.
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Michelle Obama em seu polêmico vestido "nude". Imagem: Google |
A passinhos de formiga, a indústria
está finalmente democratizando o nude e usando-o como instrumento do real
sentido da moda: Valorizar pessoas! Cada vez mais marcas estão começando a
apostar em representatividade.
É o caso da marca de sapatos Louboutin,
que apesar de não ter sido a pioneira, se tornou ícone, ao lançar a coleção “The
Nude Collection” em 2013, oferecendo cinco cores diferentes de nude e posteriormente
incorporando dois novos tons à coleção. Seu designer, Christian Louboutin, também criava
sapatos nude somente na cor bege, até ser questionado por uma de suas
funcionárias que lhe disse: "Bege não é a cor da minha pele”.
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A marca de lingeries Naja,
assinada por Catalina Girald, também lançou recentemente a campanha #NudeForAll
(“Nude Para Todas”), em sete tons diferentes de nude, a campanha é estampada
por mulheres reais, com corpos reais e sem retoques para colocá-los dentro de
padrões inalcançáveis. Inclusive a marca toda é focada em empoderar e mudar a
vida das mulheres, vale a pena olhar com carinho. Ainda nesse campo temos as marcas Nubian Skin e Björn Borg,
além das marcas Mahogany Blues de collant para bailarinas, e Nude Barre de meias-calça.
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Campanha de lingeries #NudeForAll da Naja |
Na maquiagem temos a marca
Lâncome com a “Le Teint Particulier
Custom Made Makeup” uma tecnologia revolucionária que detecta os tons de
pele individuais e cria bases sob medida para cada mulher. Claro que o preço
não é lá muito inclusivo, o sugerido da marca é de US$ 80,00 para 1 oz (que
equivale a mais ou menos 30g). Enquanto isso a gente fica aqui com marcas mais
acessíveis como Dailus, Boticário, Natura, Mary Kay, MAC, que estão cumprindo bem seu papel e oferecendo uma gama bem diversificada de tonalidades para
pele.
As mudanças estão ocorrendo
também em outras áreas importantes, como as que atuam diretamente com crianças,
por exemplo. Caso da Koralle, marca brasileira de produtos de arte que em
parceria com a Uniafro (Programa de Ações Afirmativas para a População Negra) desenvolveu
a caixinha de giz de cera Pintkor, com 12 tons de pele, com o objetivo de
representar a diversidade racial da população brasileira e desconstruir essa
ideia de cor de pele bege nas escolas.
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Giz de cera Pintkor com 12 cores para tons de pele. |
A própria Pantone lançou em 2012 o Pantone Skin Tone Guide, um guia de padronização com cento e dez tons de pele.
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Palheta de tons de pele da Pantone. |
No campo dos serviços, temos ainda
a Afrô Box que é um clube de assinaturas que envia mensalmente uma caixinha com
5 a 8 cosméticos e produtos de beleza voltados exclusivamente para mulheres
negras. Nesse vídeo as fundadoras contam como surgiu a ideia.
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Caixinha do Clube de Assinaturas Afrô Box. Imagem: Google. |
Claro que apesar desses avanços,
ainda estamos longe do mundo perfeito de nude para todas. Ainda é muito difícil
encontrar diversidade nas lojas, aliás, se já é difícil encontrar imagens além do bege no Google e Pinterest, imagina nas lojas!
Mas já é um começo!
Mas já é um começo!
Quanto à moda, depois desse post você já deve ter entendido
o significado, né? Nude é a cor mais próxima do SEU tom de pele! Mas óh, nada te
proíbe de usar outros tons de "nude", apenas não permita que a
indústria e a mídia ditem quem você deve ser, ok?
Agora me conta, você já encontrou seu nude
perfeito? Estou curiosa para saber sua experiência!
Nossa que post incrível! Eu nunca tinha parado pra pensar sobre isso, sempre considerei nude = bege. Você abriu muito a minha mente. Me encantei pelos exemplos de marcas que você citou que estão fazendo algo pra mudar esse conceito. O gif no fim do seu post me representa muito! Há um bom tempo quero um batom nude, mas todos que acho ficam muito claros em mim. E quando procuro tons marrons ficam muito escuro. Ate hoje não encontre o batom nude que fique bem em mim...
ResponderExcluirO post é incrível! Sucesso.
Butlariz.com
Larissa, tão bom receber teu feedback <3 Só de saber que este texto te ajudou de alguma forma, já valeu te-lo escrito! Aos pouquinhos a moda/beleza vão entendendo as necessidades das clientes, pelo menos é o que a gente espera né?! Dá uma olhadinha nessa nova coleção da Dailus, quem sabe teu nude esteja entre eles. E pode contar sempre com a gente aqui do blog, viu?! Beijos e super obrigada pelo teu carinho!!!
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